quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pomerode III



Ainda a deriva. De longe, vi as torres de uma igreja ortodoxa e conjeturei se já não estava próximo o cemitério. Foi então que outro jardim florido me chamou atenção por suas cores, era uma floricultura.
Saindo pela porta, vi uma senhora de cabelos curtos e loiros, com seus 70 anos de idade. Tinha traços mais europeus, ao contrário de João. Mas como ele, falou comigo de bom grado quando elogiei seu jardim. Era a dona Ana.
Perguntei-lhe se sabia de algum cemitério por perto. Ela sorriu e me levou então a um terreno nos fundos de sua casa, na posição que seria a frente antiga da igreja ortodoxa, local do antigo cemitério da cidade. Hoje a fachada foi mudada e esse cemitério desativado. Agora ele é um terreno baldio, com muito mato, com algumas lápides antigas, de pedra, que davam ao lugar um ar macabro. As tumbas mais recentes eram de 1927. Não faço idéia de porque aquilo ainda está ali, esquecido nos fundos de uma floricultura.
Depois de conhecer o lugar, perguntei-lhe da estátua de bronze de Erwin Curt, que eu sabia ficar no cemitério atual. Ela se dispôs a me guiar até lá.
“Conheço muito a história desse cemitério, morei aqui a vida inteira e sempre o freqüentei”. “Por causa dos suicídios?”, perguntei. Ela contou-me da veracidade dos boatos que eu ouvira: foi mesmo proibida a venda de cordas, os suicídios às vezes eram três ou quatro numa mesma família, e ninguém sabia a causa. Todos enforcados.
Tornara-se força de expressão quando, numa briga, alguém dizia: “vou sair e me enforcar”, e respondiam: “vá que te darei a corda”. Certa vez, em lua de mel, um casal brigou e o marido pediu corda a esposa. Ela deu, subestimando o marido. Na primeira manhã de casados, ela achou o corpo dele pendurado na sala.
Chegamos ao cemitério. Ficava em um terreno inclinado, de face voltada para leste, para que os mortos ficassem de frente para o nascer do sol. Era muito florido e colorido, com muitas esculturas e túmulos em pedra impressionantes. Ao entrarmos, ela me levou até um túmulo e contou-me sua história.
Era um rapaz comum, vinte poucos anos, trabalhava, era por volta da década de 1950. Um belo dia, sem mais nem menos, ele invadiu armado a residência de um casal recém-casado, no momento em que a jovem mãe amamentava o primeiro filho. Atirou na criança, o tirou atravessou-a e matou a mãe. Em seguida atirou no pai. O casal morreu ali. Em seguida ele se enforcou na sala. O crime chocou a pequena cidade. Como punição, o assassino foi enterrado de cabeça para baixo, e não pode ver o nascer do sol como os outros túmulos. Ela me mostrou outro túmulo mais a frente. Um casal, mesmo ano de morte. Era o casal da história.
“E a criança?”, perguntei-lhe.
“Trabalha ali naquele galpão, passa bem. Hoje já é um homem formado”.
Ela continuou a me contar dos túmulos. Falou-me de um caso em que um sujeito sumiu da cidade, sem avisar amigos ou família. Tempos depois, descobriu-se que fora enterrado como indigente em Blumenau. A família, ao descobrir, mandou exumar o corpo para ser enterrado em Pomerode. Quando ele chegou, a família viu que a corda usada no suicídio ainda estava ao redor do pescoço do jovem. Cortaram-na e o enterraram junto ao túmulo da família. Acreditava-se entre os familiares que o rapaz não conseguira descansar na morte enquanto a corda não fosse retirada.
Depois, Ana mostrou-me a estátua de bronze de Erwin, magnífica.
Aos poucos, enquanto ela falava e caminhava comigo pelas lápides, percebi que a atenção que me dava refletia sua profunda solidão. Enquanto ela falava, a energia do lugar parecia envolvê-la, seus olhos eram leves, suaves, distantes. Ao mesmo tempo, traziam as marcas não apagadas da dor, da qual ela se alimentava. Seus cabelos curtos e loiros caiam pelo rosto de leve, a pele já desgastada pelo curso de seus setenta anos, sendo o último ano de fato o mais difícil.
Foi então que paramos. Ela começou a acariciar uma lápide. Chorava. Contou-me sua história: perdera uma filha no ano passado, vítima da gripe suína. “Era enfermeira e morreu por ajudar os outros”, dizia. Falou também em negligência do hospital, parecia procurar sempre os responsáveis. Por fim, me contou dos meses de agonia que passou em São Paulo acompanhando o tratamento da filha. Ela acabou não resistindo, por conta de uma deficiência imunológica leve, tinha desde pequena.
Eu observava a cena percorrido por uma estranha energia. O cemitério em que estávamos era belíssimo, mas envolvido pela bruma de tristeza que pairava sobre a cidade, pela dor que emanava dela. A luz do por do sol já se anunciava; ela parecia precisar transmitir suas lágrimas, trazia em si uma angústia machadiana que me absorvia. Foi sem dúvida uma experiência intensa.
Quando retornei da deriva, cansado e com a mente fervilhando, me convenci de que tudo não passara de uma alucinação. Na manhã seguinte percebi que estava errado.




PS: O cemitério da foto é o primeiro que aparece no texto, o abandonado.

Pomerode II



Eu estava à deriva. Andava a esmo pela praça pensando onde a deriva me levaria. Acabei em frente a uma casa que me chamou muito atenção. Vi muitas esculturas em madeira, belíssimas, dispostas ao longo de um jeitoso e colorido jardim. Não parecia uma casa gigantesca, mas era como produto de artesanato, com seus traços perfeitos. Bati palmas, ninguém. Chamei, ninguém novamente. Entrei vagaroso pelo jardim e cheguei até a porta, estava aberta.
Veio ao meu encontro um senhor, magro, alto, traços muito mais brasileiros do que europeus, aparentava seus 70 anos. Conversamos um pouco, contei-lhe que estava à deriva e que me impressionei com as estátuas do jardim. Ele sorriu, e convidou-me para entrar.
Entramos em uma pequena oficina de trabalho em madeira. Havia centenas de pequenas estatuetas rústicas amontoando-se sobre prateleiras, adornando as paredes. Vi algumas peças esculpidas pela metade, outros pequenos modelos, muitas ferramentas espalhadas, e um cheiro forte de madeira. Eu estava na casa do senhor João.
O senhor João não tinha nome alemão porque na época em que nasceu nomes alemães eram proibidos no Brasil. Seu pai, Erwin Curt Teichmann, foi um grande escultor da região, vindo da Alemanha em 1913. João contou-me com orgulho das exposições do pai no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, das estátuas do pai espalhadas pela cidade, da história de sua família. No momento, ele morava sozinho na casa do pai; os irmãos casaram-se e os pais já morreram, ele acabou por herdar a casa e o acervo.
“Está vendo a aquela pequena estátua ali, na prateleira? É o modelo da estátua central da praça da cidade. Meu pai fazia pequenos modelos em madeira antes de esculpir em metal ou rocha. Sim, ele também trabalhava metais. Vê aquela outra pequena estátua, a do Cristo? É o modelo de uma grande estátua de bronze do cemitério da cidade, belíssima.”
Atravessamos a oficina e entramos em um grande saguão. Parecia tão espaçoso que pensei por um momento em não estar na pequena casa de artesanato, mas num palacete colonial alemão. Cristaleiras com porcelanas trabalhadas, tapeçarias na parede, móveis coloniais e muitas esculturas de madeira davam um brilho especial à sala. João me contava de algumas peças, muitas delas retratavam pessoas falecidas de sua família, ou figuras importantes da época do senhor Erwin. A sinestesia da sala me bombardeava de sensações. A que mais me chamou atenção foi um painel de madeira escura, em alto-relevo, que ocupava uma parede inteira, retratando a santa ceia. O verniz sobre as figura humanas fazia com que brilhassem sobre o fundo negro.
Eu ouvia a voz de João ao fundo, enquanto olhava para a obra, absorvido. Foi quando vi a sombra do braço dele se levantar, segurando uma escultura de um rosto, e me golpeou na nuca. Caí atordoado. Senti uma forte adrenalina correr meu corpo, estupefato. Enquanto ele se preparava para um segundo golpe, fechei os olhos e respirei fundo. Quando os abri, a cena tinha voltado ao normal, com João ainda falando ao fundo, eu ainda estava a contemplar o painel. Tivera mais uma pequena alucinação, provavelmente fruto do ácido que tomei meia hora antes de desembarcar na cidade. O problema era que as alucinações estavam ficando mais freqüentes com o passar do tempo. Senti-me angustiado, parece que a naquele momento passei a captar uma sensação estranha vinda de tantos rostos de pessoas falecidas impressos na madeira, me observando. A energia da sala ficou pesada. Disse ao senhor João que precisava ir, visivelmente angustiado.
Quando encerrei a visita, João me disse: “vá ao cemitério e conheça a estátua de bronze, você vai gostar”. Saí de lá já em busca do cemitério da cidade. Ao contrário de João, os moradores eram de fato pouco receptivos e não davam informações facilmente, então andei sem rumo, tentando dar seguimento a minha deriva.

Pomerode I






Já ouviu falar em Pomerode?

Trata-se de um lugar incrível. Não, não me refiro aos pontos turísticos, às confeitarias alemãs ou aos festivais gastronômicos da cidade. É algo muito além.
Deixe-me falar um pouco da cidade como comumente é vista por todos. Pomerode fica no estado de Santa Catarina, próxima a Blumenau, da qual já fez parte no passado. Em 1863, recebeu imigrantes da Pomerânia (hoje Pommernland), que ocuparam a região do rio do Testo, onde hoje fica Pomerode. Tornou-se então área de colonização alemã, durante as políticas de imigração européia empreendidas pelo governo brasileiro no fim do século XIX.
Hoje, eles vivem do turismo e algumas poucas indústrias dos arredores, como a de roupas e calçados. Há muitas edificações de arquitetura alemã, estátuas nas praças, flores coloridas pelas ruas. A pequena cidade, com suas docerias abertas, suas ruas de paralelepípedo, as torres da igreja ortodoxa, parece inteiramente de miniatura, parece alegremente receptiva. Contudo, é sabido que os moradores de Pomerode não se dão com forasteiros. Todo ar colorido cheio de graça desaparece em uma solidão fria pelas ruas sem ninguém. As poucas pessoas pela rua não conversam, não cumprimentam, dão poucas informações. Se você se muda para lá hoje em dia, dificilmente conquista a amizade de vizinhos que estão na cidade a algumas gerações.
A pouca sociabilidade dos moradores mais antigos com os “de fora” aumenta ainda mais um certo clima sombrio pelas ruas: tudo parece meio vazio, todos os olhares parecem meio de lado, fazendo jus a alcunha de povo fechado. Essa barreira aos moradores novos se reflete até mesmo no preço dos terrenos: os preços são muito altos para dificultar a compra. Os olhares vindos de janelas entreabertas parecem seguir os passos de gente de fora.
O que tornou a cidade famosa anos atrás não se relaciona em nada com seus dotes turísticos. Uma reportagem de abrangência nacional contou ao país sobre a cidade dos suicídios: Pomerode apresentava um índice de enforcamentos absurdo, considerando-se a proporção de seus poucos habitantes. Muitos casos de suicidas, e todos enforcaram-se.
Ninguém jamais soube ao certo a causa desse fenômeno, mas era fato notável. Chegou-se a proibir na cidade a venda de cordas por alguns anos, na tentativa de inibir a prática. Em nossa sociedade, matar-se é considerado crime de homicídio, mesmo que você more na cidade dos suicídios, por mais absurdo que pareça.
O fato gerou mil lendas a respeito, explicações das mais diversas partindo do esoterismo e da religião, boatos, mitos. Até mesmo algumas gírias e expressões populares se firmaram em torno dessa “cultura” local. Hoje o número de suicídios caiu, embora ainda aconteça, e todo o conjunto de histórias parece parte de um passado perdido, esquecido, e talvez propositadamente enterrado vivo pelos moradores de Pomerode.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Contos Cruspianos II

Gabriel


Lá estava ele a fazer café. Como todos os dias, ia até a cozinha pela manhã e passava seu café já adoçado, com os mesmos apetrechos contendo as mesmas medidas dos mesmos ingredientes: pó de café, marca Pilão a vácuo; açúcar, da marca mais barata; meia caneca de leite, para ser preenchida depois com café; um baseado cuidadosamente bolado ao som do piano de Arnaldo Baptista.
Enquanto ele bebia seu café e fumava seu cigarro, viajava por assuntos dispersos com o pensamento. Gostava de liberar a mente de qualquer preocupação, deixa-lá fluir naturalmente por onde bem quiser ir. Sentia que esse era seu primeiro hábito diário mais ritualístico, do qual gostava muito e desagradava-lhe quando não podia realizá-lo. Dizia a pessoas próximas que, no curso dos seus vinte e quatro anos, nunca tinha percebido algum indício de que envelhecera, até reparar nesse costume matinal que tanto lhe trazia autoconhecimento.
As cozinhas eram coletivas e ficavam no fim do corredor. Lá a vista era bela, apesar de mascarar o caos da urbanidade acelerada. Ele costumava mais olhar a outra janela, que dava para as árvores. Pinheiros se misturavam por entre um grande gramado sortido de outras árvores de copa, alguns pés de amora, e o esboço do que seria uma horta coletiva para os estudantes.
Quanto terminava, ia para casa. Era muito acusado pelos amigos de só ouvir Mutantes, o que de fato ouvia muito. Mas muitas manhãs foram cativadas com o som de Arnaldo Baptista, Rogério Duprat, Caetano Veloso, Raul Seixas, Beatles, entre outros representantes das décadas de 60 e 70, os anos nos quais ele acreditava estar seu coração, brincando algumas vezes de que nasceu na época errada. Muitas vezes tocava violão e compunha músicas que só ele ouviria, por puro prazer de criar. Muitas se perderiam para sempre nas areias do tempo. O que gostava mesmo, era de abrir as janela e sentir o sol entrar no quarto, quando então pegava o livro de Gabriel Garcia Marques e perdia-se por entre as páginas, absorvido.
Gabriel era uma pessoa singular. Era jovem, mas entrou com idade um pouco acima da média na faculdade. Cursava geografia e era adepto da teoria da deriva, dos situacionistas. Sua paixão por escrever o guiaria por mil memórias e relatos de suas andanças sem rumo pelo Brasil afora, “derivando” aqui e ali. Tinha amigos e conhecidos em toda parte, sabia de tudo um pouco e no fundo sentia que não sabia era nada.
Gabriel era ao mesmo tempo um sonhador sem causa e um cético niilista. Gostava de definir-se como metamorfose ambulante, de passar por mil religiões, filosofias, políticas e lutas. No fundo, estava mergulhado numa eterna busca por algo que não sabia bem o que era.

Contos Cruspianos I

Olá, tudo bem? Que bom que chegou a tempo para o café. Sente-se, fique a vontade. Se importa se eu fumar?
Imaginei que não.
Pelo que entendi ao telefone, você deseja gravar minhas memórias para uma pesquisa de histórias de vida dos estudantes que passaram pela moradia da USP, certo? Espero que tenha muitas fitas para gravar, pois, apesar de minha péssima memória, tenho muito a contar da época em que morei por lá. Pegue um pouco mais de café, daqui a pouco colocarei água no fogo novamente.
Bom, como posso começar?
O Crusp, Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, era ainda em 2010 um lugar interessante de se viver. A história do residencial era incrível: as instalações foram construídas para ser moradia provisória dos atletas do Panamericano de 1968, e seriam demolidas após o evento. Um grupo de estudantes ocupou os prédios e exigiu-os como espaço de moradia estudantil. Dos doze blocos de seis andares originais, restaram sete, do A ao G. Dois tornaram-se reitoria, três foram demolidos. Assim se deu a origem do palco de muitos eventos da história do país. Foi foco de resistência durante a ditadura, escondeu líderes, promoveu assembleias, foi invadido pelo exército.
Acima de tudo isso, o Crusp era palco das mais peculiares personalidades que se poderia encontrar. Impregnando de memórias as paredes dos mais de mil quartos, as mais interessantes histórias de vida convergem em um único lugar.
Não era incomum que o Crusp recebesse a alcunha de lugar de loucos, e tinham lá sua razão. Contava-se entre os cruspianos, com ar de certeza, que “uma pesquisa” constatou que os “níveis de insanidade” entre os moradores eram altíssimos, considerando-se a proporção. Bastava então cruzar com algum maluco no corredor e o cruspiano acendia com a cabeça, mostrando que estava certo.
Fora talvez algum grau de loucura, muitos tinham em comum o fato de fugir de um meio de pobreza para entrar no meio acadêmico, ainda que fosse pela porta dos fundos. Mesmo que em muitos níveis e graus variados, o que tornava os cruspianos próximos era justamente o objetivo comum de progredir além das possibilidades que lhe ofereceu a família, de viver a universidade que para eles não fora reservada. No fundo, todos pareciam sentir-se como peixes fora d'água, que não pertenciam totalmente aquele meio, àquela realidade tão distinta da que viveram na adolescência.
Era assim então que eu vivia, desfrutando de um mundo novo, vivendo ao sabor do vento. Pude então conhecer o multi-universo de personalidades e histórias que conformavam as paredes do Crusp. Foi assim que conheci alguns dos mais singulares, outros dos mais perigosos, alguns dentre os mais interessantes, muitos dos mais intrigantes. Por escolha totalmente “aleatória”, vou contar-lhe a história de Gabriel.

Diálogo entre Aldous Huxley e Timothy Leary

Em 1960, um diálogo entre Aldous Huxley e Timothy Leary:
-...Todas essas drogas cerebrais produzidas em massa nos laborátórios provocarão mudanças enormes na sociedade. E isso vai acontecer independentemente de mim ou você. Tudo o que podemos fazer é espalhar a notícia. O maior obstáculo para a evolução, Timothy, é a Bíblia.
- Não me recordo de nenhuma discussão sobre drogas cerebrais na Bíblia.
- Você se esqueceu dos primeiros capítulos de Gênesis? Jeová disse para Adão e Eva : ‘Eu contruí esse refúgio maravilhoso a leste do Éden. Vocês podem fazer o que quiserem, exceto comer do fruto da árvore da Sabedoria’.
- Foi a primeira substância controlada.
- Exatamente. A Bíblia começa com uma lei antidrogas.

Sambinha

Pois é...

Eu queria ver de fora
como estava seu rosto quando você foi embora
Só sei quão sozinho me senti lá dentro
quão vazio que tudo ficou
e me agarrei ao que restava do seu cheiro
na blusa que você deixou

É bobagem eu já sei disso...
é cada coisa que eu invento
É bobagem eu já sei...
é cada coisa que eu invento

Mas de fora eu vi que a vida
é bem mais que um lamento
mas se a vida é sem você
eu prefiro o esquecimento
não ter mais o seu sorriso é uma vida de tormento
mais um pouco eu não aguento

Meu bem, por isso estou voltando
por favor, esteja em casa
que hoje eu quero conversar
que é pra gente conversar