Já ouviu falar em Pomerode?
Trata-se de um lugar incrível. Não, não me refiro aos pontos turísticos, às confeitarias alemãs ou aos festivais gastronômicos da cidade. É algo muito além.
Deixe-me falar um pouco da cidade como comumente é vista por todos. Pomerode fica no estado de Santa Catarina, próxima a Blumenau, da qual já fez parte no passado. Em 1863, recebeu imigrantes da Pomerânia (hoje Pommernland), que ocuparam a região do rio do Testo, onde hoje fica Pomerode. Tornou-se então área de colonização alemã, durante as políticas de imigração européia empreendidas pelo governo brasileiro no fim do século XIX.
Hoje, eles vivem do turismo e algumas poucas indústrias dos arredores, como a de roupas e calçados. Há muitas edificações de arquitetura alemã, estátuas nas praças, flores coloridas pelas ruas. A pequena cidade, com suas docerias abertas, suas ruas de paralelepípedo, as torres da igreja ortodoxa, parece inteiramente de miniatura, parece alegremente receptiva. Contudo, é sabido que os moradores de Pomerode não se dão com forasteiros. Todo ar colorido cheio de graça desaparece em uma solidão fria pelas ruas sem ninguém. As poucas pessoas pela rua não conversam, não cumprimentam, dão poucas informações. Se você se muda para lá hoje em dia, dificilmente conquista a amizade de vizinhos que estão na cidade a algumas gerações.
A pouca sociabilidade dos moradores mais antigos com os “de fora” aumenta ainda mais um certo clima sombrio pelas ruas: tudo parece meio vazio, todos os olhares parecem meio de lado, fazendo jus a alcunha de povo fechado. Essa barreira aos moradores novos se reflete até mesmo no preço dos terrenos: os preços são muito altos para dificultar a compra. Os olhares vindos de janelas entreabertas parecem seguir os passos de gente de fora.
O que tornou a cidade famosa anos atrás não se relaciona em nada com seus dotes turísticos. Uma reportagem de abrangência nacional contou ao país sobre a cidade dos suicídios: Pomerode apresentava um índice de enforcamentos absurdo, considerando-se a proporção de seus poucos habitantes. Muitos casos de suicidas, e todos enforcaram-se.
Ninguém jamais soube ao certo a causa desse fenômeno, mas era fato notável. Chegou-se a proibir na cidade a venda de cordas por alguns anos, na tentativa de inibir a prática. Em nossa sociedade, matar-se é considerado crime de homicídio, mesmo que você more na cidade dos suicídios, por mais absurdo que pareça.
O fato gerou mil lendas a respeito, explicações das mais diversas partindo do esoterismo e da religião, boatos, mitos. Até mesmo algumas gírias e expressões populares se firmaram em torno dessa “cultura” local. Hoje o número de suicídios caiu, embora ainda aconteça, e todo o conjunto de histórias parece parte de um passado perdido, esquecido, e talvez propositadamente enterrado vivo pelos moradores de Pomerode.
Trata-se de um lugar incrível. Não, não me refiro aos pontos turísticos, às confeitarias alemãs ou aos festivais gastronômicos da cidade. É algo muito além.
Deixe-me falar um pouco da cidade como comumente é vista por todos. Pomerode fica no estado de Santa Catarina, próxima a Blumenau, da qual já fez parte no passado. Em 1863, recebeu imigrantes da Pomerânia (hoje Pommernland), que ocuparam a região do rio do Testo, onde hoje fica Pomerode. Tornou-se então área de colonização alemã, durante as políticas de imigração européia empreendidas pelo governo brasileiro no fim do século XIX.
Hoje, eles vivem do turismo e algumas poucas indústrias dos arredores, como a de roupas e calçados. Há muitas edificações de arquitetura alemã, estátuas nas praças, flores coloridas pelas ruas. A pequena cidade, com suas docerias abertas, suas ruas de paralelepípedo, as torres da igreja ortodoxa, parece inteiramente de miniatura, parece alegremente receptiva. Contudo, é sabido que os moradores de Pomerode não se dão com forasteiros. Todo ar colorido cheio de graça desaparece em uma solidão fria pelas ruas sem ninguém. As poucas pessoas pela rua não conversam, não cumprimentam, dão poucas informações. Se você se muda para lá hoje em dia, dificilmente conquista a amizade de vizinhos que estão na cidade a algumas gerações.
A pouca sociabilidade dos moradores mais antigos com os “de fora” aumenta ainda mais um certo clima sombrio pelas ruas: tudo parece meio vazio, todos os olhares parecem meio de lado, fazendo jus a alcunha de povo fechado. Essa barreira aos moradores novos se reflete até mesmo no preço dos terrenos: os preços são muito altos para dificultar a compra. Os olhares vindos de janelas entreabertas parecem seguir os passos de gente de fora.
O que tornou a cidade famosa anos atrás não se relaciona em nada com seus dotes turísticos. Uma reportagem de abrangência nacional contou ao país sobre a cidade dos suicídios: Pomerode apresentava um índice de enforcamentos absurdo, considerando-se a proporção de seus poucos habitantes. Muitos casos de suicidas, e todos enforcaram-se.
Ninguém jamais soube ao certo a causa desse fenômeno, mas era fato notável. Chegou-se a proibir na cidade a venda de cordas por alguns anos, na tentativa de inibir a prática. Em nossa sociedade, matar-se é considerado crime de homicídio, mesmo que você more na cidade dos suicídios, por mais absurdo que pareça.
O fato gerou mil lendas a respeito, explicações das mais diversas partindo do esoterismo e da religião, boatos, mitos. Até mesmo algumas gírias e expressões populares se firmaram em torno dessa “cultura” local. Hoje o número de suicídios caiu, embora ainda aconteça, e todo o conjunto de histórias parece parte de um passado perdido, esquecido, e talvez propositadamente enterrado vivo pelos moradores de Pomerode.
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