quinta-feira, 19 de maio de 2011

No Trabalho

Sabe aqueles dias em que você acorda inquieto? Você não quer passar o dia sentado numa cadeira de escritório. Nada te tira da cabeça que a vida é mais do que isso.Você então respira fundo, se espreguiça na cadeira, bebe a décima caneca de café do dia, buscando um pouco de felicidade no açúcar. Claro que não encontra. E a cafeína só serve pra te deixar mais inquieto, com vontade de sair correndo apenas e simplesmente. Mas não o faz. Fica olhando pra caneca de café enquanto esfria.
Vamos lá. Volte ao trabalho. Não porque você queira que seu departamento realize mais, não que faça algum sentido lutar por algo que você nem sabe ao certo se concorda, nem mesmo que você ache que sua função é necessária pra que as coisas funcionem. Não é. Nada parece fazer sentido, mas voltar ao trabalho ajuda a passar o tempo mais rápido.
No trabalho, o tempo se arrasta.
Não, não fique olhando pro relógio. Assim o tempo passa ainda mais devagar. É, é muito tempo da vida pra se perder aqui. O dia lá fora está lindo. Num dia de 24 horas, dormimos oito e trabalhamos oito, todo o resto fazemos nas outras oito. Nosso tempo curto é dividido em três partes eqüitativas, dormir, trabalhar e o resto da sua vida. Um terço da vida, passaremos trabalhando, outro dormindo. São apenas doze horas em média de sol por dia. Menos as oito de trabalho que são durante o sol, vezes uma vida toda, dá.......... A matemática me deprime mais que a falta de sol.
Agora pare de ficar olhando esse cursor piscar na tela. Faça algo. Faça logo porque até eu estou ficando desesperado aqui só de ficar assistindo você, ridiculamente inquieto e ridiculamente quieto.
Sim, agora sim. Andar até o fim do corredor, abrir a janela, sentir um pouco do dia que se passa lá fora sem você. Andar desperta, o dia refresca, e você quer estar consciente no seu algo a realizar.
Talvez o último. Talvez porque, antes de atingir o chão, ainda passe em alguns segundos toda sua vida diante dos seus olhos. Não sei ao certo se isso é verdade, minha experiência de quase-morte não teve direito a flash back, então comecei a desconfiar dessa história.
Mas faça o que tem que fazer. O que importa são os fatos. A tal paixão dos suicidas sem explicação. Como não tem explicação? Olhe a sua volta. Que lugar deprimente, imerso numa sociedade sem sentido, o sol lá fora não dava a cara a três dias e agora que ele está lá você não pode sentí-lo.
Não pode, não pode, não pode.
Convenções sociais, controle. Como não tem explicação?

...

Nossa. Não é que ele pulou mesmo?

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